Índios ontem, índios hoje..[Parte 3]

terça-feira, 13 de julho de 2010
Por fim, depois de conhecer um pouco da ação desses dois colonizadores com relação á cultura indígena, vamos conhecer finalmente sobre os índios. Eles, que sofreram etnocídio por parte dos jesuítas e genocídios por parte dos fazendeiros, tinham uma cultura extremamente vasta antes da chegada dos"colonizadores". Sergipe era território  de várias tribos: Kiriri,Tupinambá, e tantos outros viviam e praticavam suas diferenciadas culturas livremente. Os Tupinambá dominavam, mas não são O modo de ser indígena, e sim UM modo de ser indígena. No decorrer dos séculos, eles foram explorados de várias maneiras pelos europeus, mas sempre resistiram. Apesar da Carta de Tolosa demonstrar que as resistências eram em quantidade ínfima, não é bem isso que vemos. Muitos índios fugiram de suas aldeias para não receberem os padres, outros negavam o batismo, alegando que não criam no Deus cristão, que o batismo não os salvariam, que o inferno não era realidade para eles. Quanto a ação dos fazendeiros, os índios lutaram bravamente na "guerra justa", reunindo cerca de 20.000 em defesa de suas aldeias. Principais como Serigi e Baepeba, líderes da resistência, não são citados nos documentos oficiais. Perderam suas terras - legalizadas, por sinal - com a Lei de Terras de 1850, que usou a mestiçagem para afirmar que não existiam índios "puros" e, portanto, eles não eram autenticos e não tinham direito ás terras. Os Xocó, tribo que até hoje permanece no Estado residindo na Ilha de São Pedro e Caiçara - Porto da Folha - lutaram para retomar suas terras, ocupando-as e também recorrendo aos orgãos judiciais. Pasaram cerca de 100 anos sem poder afirmar sua identidade como índios, sem poder praticar suas danças e festas sagradas, sem poder VIVER o ser índio e foram divididos, indo sua grande maioria viver junto aos Kariri em Porto Real do Colégio, Alagoas.Conseguira, por fim, reaver as terras, depois de muitos conflitos com a família de João Porfírio de Brito - o sobrenome não é mera coincidencia - e hoje possuem uma escola, com 7 professores índios e 2 não indígenas. Tiveram que reaprender sua própria cultura, mas hoje são a prova viva de que ser índio não tem a ver com fenótipo, mas sim com o que está por dentro, com o reconhecimento de si próprio como parte do povo indígena. Sua cultura, mesmo sofrendo perdas, ainda é digna de admiração. Vale a pena vê-los dançando o toré - sua dança sagrada - e conhecer sua educação, que valoriza a natureza, que respeita os idosos e zela pelas crianças. Os índios não aquela gente que anda nua, que não fala português. Eles atpe gostam de cantar música sertaneja, depois de dançar o toré, é claro. Eles trabalham, vendem seus artefatos e o fruto de suas roças para sobreviver. Vivem em casas telhadas e de tijolos e estão dispostos a receberem visitantes que se interessem em mostrar como precisamos observar essa cultura para aprender. Os índios também não são "vítimas", não devemos vitimá-los, como faz Maria Thetis Nunes, nem vê-los como selvagens, como viu Elias Montalvão e Felisbelo Freire.Até se tem uma coisa que os índios não são é "selvagem". São pessoas com uma cultura diferente da nossa e, a partir dessa cultura, que para nós é ainda tão nova, é que podemos repensar nossa própria sociedade.
Xocó dançando o Toré.

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