Modernização em foco: semelhanças entre Sorocaba e Aracaju

terça-feira, 29 de maio de 2012
Ao pensarmos o processo de modernização de Aracaju, precisamos considerar o cenário nacional e a tendência à industrialização que emergia. Confrontando o texto do Prof. Arnaldo Pinto Júnior, "As potencialidades da história local para a produção de conhecimento em sala de aula: o enfoque no município de Sorocaba", e as informações que temos sobre a modernização de Aracaju nas primeiras décadas do século XX, encontramos semelhanças entre as duas cidades.

Primeiramente, o texto do Prof. Arnaldo Pinto Júnior enfatiza a história local, denuncia o distanciamento da história local dos alunos e possui influência do ideal liberal do "progresso" por meio da indústria. O autor procura resgatar o passado de Sorocaba, defendendo o interesse pelo estudo da história da cidade, relembrando que ela não deve ser vista com desprezo e que seu passado não pode se limitar às grandes figuras. Ele retoma a chegada do ideal modernizador em Sorocaba e demonstra como a cidade cresceu e se destacou graças a esse ideal. O autor ressalta, porém, que o modelo de construção da cidade foi elitista, ou seja, excludente. Uma cidade da elite para a elite.

Os mesmos pontos principais podemos aplicar a Aracaju do início do século XX. Entre 1855 e 1905, Aracaju encontrava-se sem recursos financeiros e era flagelada por epidemias. A crise do açúcar e a abolição frustram os planos da elite. Mas a partir dos anos 1910, Aracaju é contaminada pela "onda progressista" e "futurista". O passado serve para resgatar as glórias da cidade e sua história limita-se aos grandes homens. O modelo de cidade moderna pede um modelo de cidadão moderno também, aquele que será o "trabalhador nacional", tendo no ideal do trabalho sua principal marca. O Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe surge para elevar a figura dos grandes homens e erigir um passado do qual as elites se orgulhariam, compensando o complexo de inferioridade por causa da dependência de Sergipe à Bahia. Assim, a chamada identidade sergipana é construída para ser branca e masculina. A modernização traz as fábricas, as comarcas, as cadeias, as usinas e também o operário explorado - especialmente as mulheres, que sofriam os piores abusos - e do operário ativo politicamente que denunciava os desmandos dos patrões através de jornais e folhetins.

Percebemos, nos dois casos, a tentativa de implantação da cultura européia através do modelo de construção de cidade moderna segundo os padrões europeus. Aracaju e Sorocaba são exemplos de cidade cuja história foi, por muito tempo, contada por aqueles que erigiram uma identidade falsa para a população dessas regiões. Agora, a busca por uma história e pelas identidades dessas regiões passa por aqueles que foram marginalizados nesse processo e que, juntos, salvarguardam uma outra história, ainda a ser contada.

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